Quase três horas de viagem de carro separam Lódz de Auschwitz, em polaco Oswiecim.
Às 10h30 começava a primeira visita do dia (com guia em inglês) a Auschwitz I, um dos três campos que fazem parte do Campo de concentração de Auschwitz.
Entramos pelo portão principal, emoldurado pela frase ARBEIT MACHT FREI, famosa pela má razão. Sentimos o seu peso. Visitamos os vários edifícios onde fotografias antigas, uma quantidade infinita de objectos de uso pessoal, óculos, sapatos, malas, roupas de criança, cabelo que era cortado depois de morrerem nas câmaras de gás, contam e ilustram o horror que já conhecemos mas que sentimos ainda mais ao nos ser descrito pela nossa guia, no local onde tudo isto aconteceu. Quando entramos numa das câmaras de gás pedem-nos silêncio.
Visitar a prisão dentro do Campo, ouvir as torturas que eram infligidas aos prisioneiros, foi também um momento que me impressionou. Desenhei as grades de uma cela. A beleza no horror.
Após duas horas de visita, um autocarro transporta-nos para Auschwitz II, Birkenau, o segundo Campo construído pelos Nazis nesta cidade polaca. É muito maior que o primeiro, as casas mais parecem estábulos. A visão das pessoas a chegar nos comboios é bem clara quando paramos na plataforma entre os carris, estação terminal dos milhares de prisioneiros de toda a Europa. Uma carruagem desse tempo, faz-nos imaginar como seria.
Auschwitz foi o maior Campo de concentração e extermínio Nazi. Entre 1940 e 1945 cerca de 1.300.000 pessoas, das quais 1.100.000 judeus, 140.000 polacos, 23.000 ciganos vindos de Roma, 15.000 prisioneiros de guerra russos e 25.000 de outras etnias.
Ao chegarem, 75% iam directamente para as câmaras de gás. Os que ficavam vivos eram registados, davam-lhes um número, deixavam de ter nome. Depois era a fome, os maus tratos e humilhações, os trabalhos forçados, o frio dos invernos rigorosos, as doenças. Eram feitos escravos, todos os direitos humanos básicos lhes eram negados, só estavam ali para morrer. Em Auschwitz as câmaras de gás chegaram a matar 10.000 pessoas por dia! É difícil entender como tudo isto foi possível.
Auschwitz não deixa ninguém indiferente, sei que me vai ficar gravado para sempre na memória.
No mausoléu dedicado às vítimas do holocausto pode ler-se:
FOR EVER LET THIS PLACE BE
A CRY OF DESPAIR
AND A WARNING TO HUMANITY
WHERE THE NAZIS MURDERED
ABOUT ONE AND A HALF MILLION
MEN, WOMEN AND CHILDREN
MAINLY JEWS
FROM VARIOUS COUNTRIES
OF EUROPE
AUSCHWITZ BIRKENAU
1940-1945
É necessário relembrar a história, quando assistimos a novas escaramuças entre a China e o Japão, além dos problemas com a Ucrânia. É preciso estar atento a novas crueldades e racismos.
ResponderEliminarOs desenhos imprimem um ambiente que complementa muito bem o texto. Gosto da reportagem.
Henrique, é realmente difícil compreender como continuam a não ser lembrados avisos como este! Obrigada pelo comentário.
ResponderEliminarExtraordinária reportagem, arrepiante só de olhar. Um dia também terei de visitar, e sei que me marcará profundamente.
ResponderEliminarObrigado pela partilha
Obrigada Nelson!
ResponderEliminarComovente este registo, sente-se o peso e o desolamento, o fato de não haver pessoas nos desenhos recorda os que aqui deixaram de existir.
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